segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Felipão calando os críticos. Eu, inclusive.


Fui contra a contratação de Luiz Felipe Scolari para treinar o Grêmio. Não gostei do trabalho dele na Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo. Insistiu demais em Fred, teve postura inadequada e teimosa diante da Alemanha, além de equívocos na convocação e montagem de grupo, entre outros erros. Ele foi responsável pela derrota vexatória, isso é inegável. Devido a isso e trabalhos recentes que não me agradaram, não acreditava que Felipão fosse capaz de se reinventar, de ter a humildade para rever conceitos e focar no trabalho. Felizmente me enganei!

O jornalista que acompanha os seus clubes locais torce para que haja evolução, conquistas, bons trabalhos e possa, portanto, cobrir grandes eventos, representar seu veículo de comunicação nas principais competições mundo afora. Eu, pelo menos, penso assim. Quando dei a opinião contra Felipão, estava pensando no melhor para o clube, que precisa se reerguer e encerrar esse jejum de títulos. Após o anúncio, concordei que a relação do técnico multi-campeão com o tricolor gaúcho poderia fazer bem a todos. Ao time e ao treinador, abatido pela forte pressão naquele momento.

Torci para estar errado e o que estou vendo é um trabalho brilhante de Luiz Felipe, digno de aplausos. Ciente das limitações da equipe, ele ajustou o sistema defensivo, invicto há mais de 800 minutos. Méritos também para o melhor goleiro do Brasil, Marcelo Grohe, mas Felipão tem achados individuais, como Zé Roberto na lateral-esquerda, Felipe Bastos no meio e a recuperação de Barcos como a referência do time, a exemplo do que fazia com o Pirata no Palmeiras. O aproveitamento do técnico desde que chegou a Porto Alegre é de 66% no Brasileiro, abaixo apenas do Cruzeiro.

O Grêmio não tem um articulador, mas tem articulação. Começou jogando por uma bola. Hoje, é o 3º time que mais finaliza no Campeonato, atrás apenas de Cruzeiro e Inter. Sofre com um banco mais qualificado, é verdade, mas até por isso, deve-se valorizar o trabalho na casamata. O Grêmio está fora do G4, mas tem pontuação de 3º colocado. Está na briga por algo grande no Brasileiro.

Tem coisas que não se misturam no futebol, mas não é esse o caso. Definitivamente Felipão e o Grêmio nasceram um para o outro.

Inter briga pelo título, sim!


Faltando 13 rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro, o Internacional finalmente entrou na disputa pelo título. Está na 2ª colocação, há 6 pontos do líder Cruzeiro e ainda tem um confronto direto contra os mineiros na próxima rodada. Ou seja, a distância poderá ficar em míseros 3 pontos. Mas embora importantes, não vou me ater apenas aos números nesse momento.

Não é novidade que o nosso Brasileirão de pontos corridos é longo e necessita, portanto, de equipes regulares e com grupos qualificados para alcançar a taça. Cruzeiro tem isso. São Paulo e Inter também. Mas uma sequência positiva depende de muitos fatores. Ainda sofremos com desequilíbrio técnico por convocações de nossos principais jogadores, além de suspensões, lesões e qualidade dos atletas, que pode oscilar durante a disputa.

O fantástico Cruzeiro está em declínio. Nos últimos 5 jogos, perdeu para o São Paulo, ganhou do Atlético PR, perdeu o clássico com o Atlético MG, ganhou do Coritiba (auxiliado pela arbitragem) e empatou com o Sport. A “gordura” adquirida ao longo de tantas rodadas, com um futebol exuberante, permitiu a manutenção da equipe mineira na ponta da tabela, mas serve de alerta para o que vem pela frente. Ao mesmo tempo, São Paulo também vive uma instabilidade, com o seu quarteto fantástico questionado. O Corinthians parece ter abdicado da disputa com péssimos resultados. Nesse período, o Inter aproveitou a chance.

Depois de fortes cobranças do torcedor na derrota em casa para o Figueirense e uma sequência ruim no Beira-Rio, com eliminações nas Copas do Brasil e Sul-americana, Abel Braga recuperou o time. Venceu o Botafogo na abertura do returno, empatou com o Sport no Recife e emendou 3 vitórias seguidas: Atlético PR, Criciúma e Coritiba. Mais do que isso, devolveu Aránguiz para a sua posição ideal (2º homem) e descobriu o garoto Eduardo Sasha. Faltava um jogador que desse velocidade ao time, que facilitasse a transição de bola do meio-campo tão qualificado para o ataque. Wellington deu consistência, Alex e D'alessandro o toque refinado. O Inter está crescendo e na hora certa.

Logicamente o Inter pode perder para o Cruzeiro, que jogará em casa num Mineirão lotado, e ver a distância aumentar para 9 pontos, mas é inegável - diante da chance do confronto direto - que o colorado está na disputa do título Brasileiro.

Jogo de 6 pontos, final antecipada, como queiram. Sábado será uma verdadeira decisão.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Como confiar no STJD?


O Grêmio não está mais excluído da Copa do Brasil. Está “apenas” eliminado. No julgamento do recurso no pleno do Superior tribunal de justiça desportiva, os auditores decidiram por 7 votos a 0, pela perda de pontos da partida contra o Santos. Como o Grêmio perdeu o jogo, ficou com -3 pontos, enquanto que o Santos,+3. Ou seja, numa eventual vitória por 10 a 0 para o Grêmio no jogo de volta, o tricolor ficaria com 0 pontos e o Santos permaneceria com 3. Portanto, a decisão ocasionou na consequente eliminação do clube da competição.

No primeiro julgamento, os auditores explicaram que a exclusão ocorreu porque a Copa do Brasil é uma competição eliminatória, ou seja, seria impossível retirar pontos da equipe. Mesmo sendo uma competição mata-mata, a Copa do Brasil tem em seu regulamento que “a equipe que somar mais pontos, avança”. Desconhecimento ou pré-disposição?

Muitos questionam que o Grêmio perdeu dentro de campo, pois se tivesse vencido o jogo, o Grêmio perderia os pontos, voltaria para zero e poderia reverter no jogo da volta. Ledo engano. Se o Grêmio tivesse obtido uma vitória, a exclusão seria mantida. Só houve essa decisão de retirar os pontos para eliminar o clube e tentar livrar a pele do próprio tribunal numa jurisprudência perigosa. Se a punição inicial fosse mantida, o tribunal promoveria exclusões toda a semana, pois infelizmente os atos racistas não irão cessar. Quem pratica o ato racista é a pessoa e não o clube. A instituição deve evitar, punir e tomar suas medidas. O Grêmio fez tudo isso e nada adiantou. Pagou por um crime que não cometeu.

O prejuízo já está feito. Não há como reverter as manchetes mundiais que carimbaram o clube gaúcho como racista, ou excluir a declaração do Presidente da FIFA, Joseph Blatter, apoiando a punição, mesmo que tenha ignorado outros episódios mundo afora. Infelizmente estamos nas mãos de um tribunal descriterioso, midiático, que promove julgamentos políticos e não técnicos.

O combate ao racismo deve continuar, mas gostaria de ver a minúcia com que foi tratado esse caso aparecendo mais vezes. Casos de injúria racial tem praticamente em cada rodada, em todos os Estados. Sem falar na homofobia e na violência protagonizada por torcidas, como nos últimos clássicos mineiro e paulista.

É difícil ter que confiar na justiça, quando ela não é justa.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Festival de intolerâncias


Estamos vivendo tempos complicados. O novo episódio envolvendo o goleiro Aranha e a torcida do Grêmio deflagrou uma onda de ódio e posições ferrenhas de parte a parte.

Há quem condene o goleiro por ter se sentido ofendido. Culpado por ter denunciado, ter reclamado que estava sofrendo com as claras injúrias raciais naquele 28 de agosto. Por outro lado, os gremistas estão carregando uma imagem racista, de um clube preconceituoso, assim como todo o povo gaúcho.

Tenho visto um festival de intolerâncias, uma incapacidade do ser humano em entender o outro, ausência total de compreensão, da liberdade do próximo, em todos os sentidos. Posso ser contraditório, mas, em meio à posições tão antagônicas, consegui não concordar com nada e fiquei decepcionado com todas as atitudes que vi. Saí da Arena do Grêmio triste, chateado mesmo.


Foi um jogo pesado, carregado, tenso. Um ambiente belicoso. Não culpo o torcedor pela vaia. Foram desproporcionais, é verdade, mas como esperar uma reação diferente de uma torcida que teve o seu clube excluído de uma competição pela primeira vez na história, por conta de meia dúzia de infelizes? Aranha não foi o culpado disso. Foi o pivô da punição, mas não o responsável, embora personagem dela. É complexo. Aranha fez o que tinha que fazer, mas ao taxar o clube todo de racista, provocou a revolta de um torcedor que se sentiu injustiçado, exatamente por não concordar com os atos racistas.

Aranha é vítima inegável do processo, mas não precisava se dirigir aos torcedores tricolores como “essa gente”. Foi corajoso ao encarar o estádio em apupos, jogar com frieza e ainda garantir o empate para o seu time. Ele não precisava ser tolerante, não se espera serenidade de quem se sente ultrajado. Não posso julgar alguém por algo que nunca passei. Mas penso que ele poderia ter a grandeza de entender que estava ali como adversário. A torcida o considera um algoz, mesmo que entenda o seu lado. A vaia é uma atitude democrática, existe para demonstrar inconformidade com alguma coisa, para desestabilizar o rival. Pode não ter sido esse o motivo de alguns, mas quero imaginar que tenha sido da maioria.

Aranha falou que esperava encontrar Patrícia Moreira, mas antes havia dito que não pretendia encontrá-la. Ele mesmo entendeu que a menina flagrada o chamando de macaco não quis cometer um crime. Errou como tantos outros, mas que não tiveram o linchamento virtual ou apedrejamento real que ela sofreu.



Estamos discutindo há dias o caso Patrícia/Aranha, como se fosse o único da face da Terra. Como se o racismo existisse apenas no Grêmio ou no Rio Grande do Sul. É um problema mundial, simplesmente porque é um problema da sociedade, do ser humano. O racismo é uma vertente do egoísmo imbecil, da mania de olharmos para nós mesmos, de nos preocuparmos com questões pequenas e que vão além da cor da pele. A discriminação está presente de várias maneiras e não vamos resolver o problema do mundo culpando Aranha, prendendo a Patrícia ou banindo pra sempre um clube do futebol. Temos que continuar lutando, mas o problema é macro. Estamos no micro.

Entre brancos e negros, o problema parece ser da raça humana.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Nilmar de volta pra casa!


A novela terminou com final feliz para os colorados. Nilmar assinou contrato por 3 temporadas com o Internacional e está de volta. Será a sua terceira passagem pelo clube que o formou e o projetou para o futebol. O anúncio oficial no site do clube ocorreu na tarde desta terça-feira. 

De menino franzino à um rápido e eficiente atacante, Nilmar possui características raras no atual futebol de força e velocidade. Parece frágil, mas não é. Nem as lesões no joelho o impediram de se tornar um belíssimo jogador, de movimentação, mas que centraliza. De área, mas que também parte de fora dela em direção ao gol adversário. Arruma qualquer ataque, resolve qualquer problema ofensivo.

Nilmar poderia estar no graduado mercado Europeu, num time de ponta, mas ele e seu empresário preferiram os petrodólares do Mundo Árabe. Nenhum problema, mas a carreira em alto nível foi abreviada. Inclusive suas chances na seleção brasileira. Agora, aos 30 anos, mesmo com propostas do Cruzeiro no Brasil e com a possibilidade da Roma na Itália, o acerto foi com o clube do coração.

Resta saber a condição física de Nilmar, que vem de um futebol onde há um déficit nessa questão e muitos jogadores retornam abaixo do esperado, vide Alex no mesmo Inter, que demorou um ano para voltar à sua melhor forma. Naturalmente, a ineficiência dos atacantes colorados, Rafael Moura e Wellington Paulista, trazem esperança de dias melhores. Mesmo que Nilmar tenha dificuldades este ano, dá para dizer que desembarcou o primeiro reforço para 2015. A contratação também traz reflexos na eleição presidencial do clube. A situação - sem títulos expressivos e contestada pela torcida nos últimos jogos - acaba de ganhar muitos pontos com o associado.


Os valores informados agora correspondem à números bem menores do que antes especulados e, mesmo que custasse muito, o custo benefício só poderia ser avaliado com o tempo. Antes da chegada, é uma negociação incontestável. Nilmar sempre vale o que ganha.

Chegou o jogador que faltava para o Inter.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Grêmio, 111 anos de história!


O torcedor Gremista tem o que comemorar, sim. Se o momento não é o ideal, se um título importante não vem há algum tempo, o clube tem mais de um século de conquistas para se orgulhar.

O Grêmio Campeão do Mundo, da América, tetra da Copa do Brasil, bi do Brasileiro e tantas vezes campeão gaúcho. Grêmio de Renato, Alcindo, Gessy e Zé Roberto. De Everaldo, Jardel, Paulo Nunes e Baltazar. Danrlei, De León e Hélio Dourado. De Espinosa, Ênio Andrade e Felipão. Tantos passaram, muitos marcaram e aumentaram cada vez mais a paixão de ser tricolor. 

Um Grêmio de todas as cores.

Nesse período complicado, da ausência de troféus, de problemas com a justiça, é na história que o Grêmio deve buscar a sua essência vitoriosa. É na própria tradição de se superar que o Grêmio voltará a ser eterno imortal tricolor.

Parabéns, Grêmio! Há muito para celebrar, especialmente pelo fato de ser torcedor de um clube aguerrido, determinado e que jamais se entrega. Pelo simples fato de ser Gremista.

#Grêmio111anos

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Abel tem que ficar!



O que aconteceu com o time do Inter? Não existe uma resposta apenas. Abel Braga é responsável? É! Mas não o único.

O treinador colorado cometeu algumas decisões equivocadas ao longo da temporada e que estão culminando não apenas nos resultados negativos, mas também no fraco desempenho.

Depois da derrota em casa para o Figueirense e para o Vitória, na Bahia, aumentou a pressão sobre o comando técnico colorado. Mas é importante recuperar algumas situações.

Abel montou um esquema interessante com um meio campo extremamente efetivo: Willians, Aránguiz , Alex, D’alessandro e Alan Patrick. O chileno vivia uma fase excepcional, era o fator surpresa do time, dava assistências e fazia gols. Alex cresceu. D’alessandro dividiu o protagonismo e até o contestado Rafael Moura fazia gols. De repente, veio a Copa do Mundo e esse time não jogou mais.

Aránguiz voltou do Mundial lesionado. A direção trouxe Wellington, que até entrou bem, mas descaracterizou o sistema antes montado com o revezamento entre o chileno e Alex, recompondo e chegando à frente. Willians caiu de produção, Rafael Moura começou a “passar fome” no ataque. Abel testou Valdívia e tirou Valdívia. Testou Sasha e tirou Saha. Não houve convicção sobre a escalação e o técnico não mais se encontrou.

Questiono muito a qualidade do grupo colorado, especialmente vendo Cruzeiro e São Paulo jogar. O Inter tem bons jogadores, mas para formar um time. Na ausência de algumas peças, a equipe enfraquece muito. Falta um jogador de velocidade. O argentino Martín Luque chegou no meio da temporada e está lesionado. A direção resolveu emprestar o atacante Caio, para o Vitória. Tentou Fred, Taison e outros jogadores do leste Europeu. Não conseguiu. O sonho agora é Nilmar.

O clube teve uma estratégia arriscada em priorizar um brasileiro extremamente competitivo, sem o grupo adequado de jogadores. Com isso, subestimou adversários como o Ceará e o Bahia nas Copas do Brasil e Sul-americana. Perdeu dentro de campo, mas também porque o interesse era mínimo. Preservou jogadores e o rendimento caiu, fato repetido no Brasileiro. Jovens não foram testados e as cobranças explodiram.

Penso que Abel já teve um time ideal. Muitas vezes não conseguiu repeti-lo por circunstâncias específicas. Outras vezes por querer escalar Wellington ou Jorge Henrique e mudar a concepção inicial. Abel se perdeu, mas acho que pode se reencontrar.

Mudar agora, faltando 18 rodadas por um técnico tampão? Trazer um figurão que vai iniciar um trabalho projetando 2015, podendo se desgastar até o final do ano? Acho loucura. O que precisa é uma intervenção da diretoria para verificar a situação de atletas descontados, remontar o sistema que deu certo e começar a escalar mais os jovens, descartados nesse momento.

Se o título ficou distante, ainda tem muito campeonato pela frente. O necessário agora é vencer e bem o Botafogo em casa. A partir daí, veremos o que acontece.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

PARABÉNS, PORTALUPPI!


Hoje o maior ídolo da história gremista está de aniversário. Não conheço uma idolatria semelhante no mundo do futebol. Parecida talvez. Zico no Flamengo, até pelo que representa para o futebol mundial, Marcos no Palmeiras e Fernandão no Inter são exemplos que chegam perto. Claro que cada torcedor tem o seu respectivo ídolo e não há como mensurar a proporção, pois a idolatria é algo muito específica, própria da paixão de cada um.

Mesmo assim, Renato permanece intocável no altar máximo do panteão dos Deuses tricolores. É a maior referência gremista em todos os tempos, num clube de 111 anos de história. Renato foi o principal responsável pelo Mundial de Clubes de 1983 e de lá pra cá, ninguém chegou perto de tirar o seu posto.

Trinta anos se passaram, Renato jogou em outras equipes brasileiras, demonstrou seu amor pelo Rio de Janeiro, voltou para treinar o clube duas vezes, saiu, mas segue eterno no coração dos gremistas.

Quando atuava pelo Botafogo, em 1991, se recusou a enfrentar o Grêmio, pois a partida poderia acarretar o rebaixamento do seu time do coração, como acabou acontecendo. Sempre se manifestou gremista em todas as entrevistas e afirmou que jamais defenderia o Internacional, como jogador ou treinador. Esse tipo de gratidão cativa o torcedor para sempre.

Cumprimentar Renato pelo seu aniversário é como estendê-lo aos gremistas.

Parabéns, Renato! Parabéns, Gremistas!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Colorados pedem saída de Abel



A paciência do torcedor colorado esgotou, após a derrota deste domingo, de virada para o Figueirense, jogando no Beira-Rio. Mais do que a perda dos 3 pontos e a chance de se aproximar do líder Cruzeiro que empatou com o Fluminense, o problema foi a forma como perdeu.

Depois de um 1º tempo muito bom, mais agressivo, com o retorno de D’alessandro, uma boa partida do meia Alex e avanços importantes de Jorge Henrique (finalmente escalado no ataque), o Inter permitiu um domínio absoluto do Figueirense dentro da própria casa. No 2º tempo, Argel avançou o seu time e procurou ficar mais com a bola. Abel segurou Jorge Henrique para evitar subidas do adversário pelo lado esquerdo do campo e recuou o time. Esperou a equipe catarinense, que soube aproveitar num belo trabalho do competente técnico Argel Fuchs.

Ao final do jogo, vários torcedores protestaram contra Abel Braga, que teve de sair escoltado por seguranças, mas também gritaram palavras de ordem para o Presidente do clube Giovanni Luigi e para o centroavante Rafael Moura. Cânticos como “vergonha, time sem vergonha” e “ei, Abel, pede o teu chapéu”.


O Inter não está mal na tabela no Brasileiro, mas poderia estar melhor. Perdeu o posto de vice-líder, porém segue distante do Cruzeiro: 9 pontos. Certamente a bronca maior se refere às duas eliminações em sequência, na Copa do Brasil e na Copa Sul-americana, sempre com o discurso de que o Brasileiro era o foco. Pois bem, o time não pareceu tão focado assim.

Sobre Rafael Moura, não há como defendê-lo, está realmente numa péssima fase. Mas entendo que a cobrança maior deva ser com quem o escala. Mais do que isso, nos últimos jogos, Abel não definiu um sistema de ataque. Escalou 2 centroavantes, ou Sasha, ou Jorge Henrique na frente com He-Man. Rafael Moura não é participativo, é um definidor. Para ele jogar, é preciso um esquema que lhe dê assistências, como as constantes subidas de Aránguiz na sua grande fase da temporada. Não sendo assim, a bola não chegando com qualidade, ele não vai marcar. Não estou dizendo que concordo, mas explicando como ele joga. Por que não testar outras alternativas? Um time sem centroavante fixo, por exemplo. Dar mais chances para o Wellington Paulista, quem sabe!? Ou mais tempo para o garoto Aylon, pois colocar o menino aos 46 do 2º tempo soou como deboche.

Não acho que Abel tenha que sair, mas a direção precisa interceder. O clube praticamente abdicou de duas competições de forma sumária para focar num campeonato em que as chances são complicadas, devido à regularidade do Cruzeiro. A direção deve mais explicações do que o técnico, embora ele também tenha a sua parcela de culpa.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Por que macacos?


Não vou entrar muito no aspecto histórico dos clubes gaúchos, de Grêmio e Internacional. Duas gigantes e históricas instituições do nosso futebol, que evoluíram pelo amor de seus fundadores e cresceram na paixão de seus torcedores. Criados um pouco mais de uma década após a abolição da escravatura no país, certamente carregaram lá atrás reflexos de séculos de segregação. Aos poucos, os aspectos culturais e sociais foram se modificando e mudando o cenário de todos os setores do país. No futebol também.

Originalmente o Grêmio teve raízes alemãs, mais nobres. Originalmente o Internacional era o clube do povo, das camadas mais pobres, composta por muitos negros em consequência, pois a discriminação sempre presente, era muito maior nessa época, onde a falta de oportunidades - aliada ao recente término da escravidão - propiciava dificuldades financeiras para os negros ainda no início do século 20. Naturalmente esse cenário mudou e a mistura já é evidente em todos os clubes do Brasil.

A palavra “macaco” utilizada pela torcida gremista sempre teve essa referência aos negros (que eram maioria), ou para ofender o caucasiano colorado - que ao escolher torcer para o Internacional - deveria ser ofendido com o termo macaco = negro.

Não acredite em teorias de que os colorados subiam em árvores para acompanhar os jogos no extinto estádio dos Eucaliptos. Isso realmente acontecia, mas a expressão “macaco” não faz relação com esse fato, apenas. E se faz, se disfarça para cometer a injúria. Outra justificativa é de que o Sport Club Internacional surgiu 6 anos após o Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense e, portanto, imitando tudo que o rival azul faz, como macacos ao fazer micagens. Beira ao ridículo, mas estou explicando, pois escuto com frequência justificativas desse tipo.


Diante disso, o Internacional resolveu atenuar a força da expressão criando um mascote em forma de um simpático macaquinho, nomeado de Escurinho, em homenagem ao grande cabeceador e ídolo colorado. O objetivo era ganhar a simpatia dos torcedores e provocar numa criança uma identificação que, ao ser chamada de “macaco”, não houvesse sofrimento pela discriminação racial. Outros torcedores se fantasiaram de macacos e foram às arquibancadas torcer. Cartazes foram espalhados pelo estádio com dizeres: “somos macacos mesmo”. A torcida Guarda Popular se intitula como “macacada” em uma de suas músicas na clara intenção de assumir uma marca considerada agressiva pelo rival. A ideia do clube em todas essas medidas visava amenizar a injúria de quem ofende. Pessoalmente, acho que o tiro saiu pela culatra, mas a iniciativa na origem foi desqualificar a palavra “macaco” como ofensa.

Entendo que o inconsciente coletivo leve muitos torcedores a entoarem o cântico sem se dar conta do real significado da palavra “macaco” e da sua origem. Que não tenha a intenção de praticar racismo e sim de humilhar e diminuir o seu adversário, como é prática comum nos estádios de futebol, assim como a homofobia (mas isso é outra discussão). O problema é que a intolerância ao racismo aumentou, o mundo mudou e, mesmo que a expressão não tenha esse caráter por boa parte de torcedores, é importante considerar que a origem do termo é sim racista.

Penso que o ideal é eliminar a palavra “macaco” do vocabulário futebolístico (já que estamos falando apenas de futebol nesse espaço). Até porque os macaquinhos nada tem a ver com a nossa maldade humana, em querer dividir, segregar e humilhar nossos iguais. Deixem os queridos macacos longe do planeta bola, cantemos mais em favor dos nossos times e menos contra nossos rivais.

Se o futebol está ficando chato, infelizmente está ficando perigoso também e eu ainda prefiro a chatice ao perigo.

Opinião no Jogo Aberto

Confira minha participação no Jogo Aberto sobre a punição ao Grêmio no STJD. Espero que o mesmo critério seja adotado daqui pra frente. Assista:


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Grêmio excluído da Copa do Brasil


Em decisão unânime, o Grêmio foi punido com a exclusão do clube da Copa do Brasil, multa de 50 mil reais, além de impedir os torcedores identificados e acusados no processo de entrarem na Arena pelos próximos 2 anos. Uma punição inédita envolvendo o racismo no país e exemplar, como eu já imaginava diante da repercussão do fato.

A defesa dos advogados do Grêmio se baseou nas campanhas em que o clube vem adotando contra o racismo no futebol desde 2005, além de estar auxiliando na identificação dos responsáveis. Já a procuradoria citou não apenas o episódio envolvendo o goleiro Aranha e o Santos, mas também um histórico recente negativo, como a punição envolvendo o zagueiro Paulão no Tribunal da Federação Gaúcha de Futebol no Gre-Nal das finais do Gauchão e os cânticos ocorridos no último domingo, na partida contra o Bahia, em jogo válido pelo Brasileiro.

Na prática, o Grêmio sofreu a menor das punições, pois já havia perdido dentro de campo por 2 a 0 para o Santos e a classificação para a próxima fase já estava distante ao natural. Na decisão, o clube não perdeu nenhum mando de campo no Campeonato Brasileiro ou em outras competições. Simbolicamente, porém, o clube fica marcado para o restante de sua história pelo fato de ter saído de uma competição nacional por um caso de racismo. Justamente a Copa do Brasil, que o Grêmio ganhou tantas, inclusive a primeira. Desta Copa do Brasil o clube foi sumariamente retirado para dar o exemplo ao país.

Pessoalmente lamento, pois os torcedores de bem acabaram sendo punidos também. Por conta da inconsequência de alguns, foram impedidos de torcer pelo seu time nesta competição. E os jogadores, nem tiveram a chance de tentar reverter o placar adverso diante do Santos, na Vila Belmiro. Todos foram punidos, não apenas quem praticou o racismo.

Espero que o tribunal, aplaudido no Brasil inteiro nesse momento, tenha a mesma coerência em casos semelhantes a partir de agora. Infelizmente não acredito que estejamos perto de extinguir o racismo dos estádios. Não há como garantir que os fatos não se repetirão, pois o problema não é do clube e sim de educação e da falta de senso para conviver em sociedade de algumas pessoas.

Se é verdade que o bem sempre vence o mal, ainda estou esperando o final feliz para o gremista de bem, que é contra o racismo, mas foi colocado dentro do mesmo cesto dos infratores, certamente pouco preocupados nessa hora. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Geral suspensa!


A medida foi anunciada no início da noite desta segunda-feira. O Conselho de Administração do Grêmio decidiu suspender a torcida organizada Geral do Grêmio por tempo indeterminado. O site oficial do clube emitiu a seguinte nota:

O Conselho de Administração do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, no uso de suas atribuições e considerando a gravidade dos fatos ocorridos no jogo entre Grêmio e Bahia, pelo Campeonato Brasileiro 2014, os quais tiveram claramente o objetivo de prejudicar o Clube, resolve:

1) Suspender por tempo indeterminado qualquer atividade da torcida organizada denominada Geral do Grêmio;

2) Proibir, por parte da referida torcida, a utilização das marcas de propriedade intelectual do Clube;

3) Identificar possíveis sócios envolvidos no episódio para ultimar medidas administrativas visando seu desligamento da atividade associativa e da frequência ao estádio, se for o caso;

4) O Clube, diante dos últimos fatos ocorridos em relação ao campo de jogo, estudará, em conjunto com a Arena, formas de evitar que novos incidentes acarretem em multas, perda de mandos de campo e prejuízos à imagem do clube e de sua ordeira torcida.

Ao final, a nota reitera o comportamento da maioria dos torcedores durante esse momento delicado em que o clube está envolvido nos tribunais, por conta de alguns torcedores inconsequentes:

Aos torcedores, jogadores e funcionários do Grêmio e integrantes das demais torcidas organizadas, agradecemos pelo apoio e engajamento que sempre emprestaram às campanhas de conscientização realizadas pelo Clube, especialmente no jogo do último domingo.”

Meus cumprimentos à direção gremista! Uma pequena vitória nesse duelo contra um mal que persegue o clube há anos. Lamento pelo que a Geral deixou de ser, mas não me resta outra coisa nesse momento, a não ser apoiar a decisão de suspendê-la e esperar pela exclusão definitiva. A decisão representa uma ruptura exposta com a torcida mais tradicional e polêmica do clube na última década.


Que o Grêmio encontre outras formas de torcer, que cante a favor do seu time, que volte a virar notícia pela sua festa, pela entrega de seus jogadores e pelas conquistas. O Grêmio é muito maior, infinitamente maior do que a Geral. O clube não vai apenas sobreviver sem ela. Vai renascer.

FIM DA GERAL!



Chega! A torcida organizada intitulada como Geral do Grêmio precisa ter fim. Ou ela, com seus líderes mal intencionados e de práticas mal vistas, tratará de pôr fim ao clube. Algo precisa ser feito!

Sempre valorizei e muito a forma de torcer da Geral. Seus integrantes determinados nunca se calaram mesmo diante das adversidades, conquistaram uma avalanche de adeptos, inclusive de fora do Estado. Mas a Geral perdeu a sua razão de ser e hoje parece querer ser mais do que o clube que representa. Os valores estão invertidos.

A preocupação dos líderes da Geral não está mais apenas em torcer, empurrar o time. Pelo contrário. Eu já vi com meus olhos essa torcida virar de costas quando o Grêmio marcou um gol. Que tipo de torcedor é esse? Eu respondo. Aquele que se importa com questões além do futebol. Não raro essa torcida ganha as manchetes por brigas, disputas entre seus líderes, confusões e crimes cometidos entre alguns de seus integrantes. Lamento se você é de bem e gosta de torcer com a Geral. Você é conivente! Tenho certeza de que você continuará apoiando o Grêmio e de uma forma muito mais positiva, sem esses delinquentes ao lado.


Desde que o Presidente Fábio Koff assumiu e cortou subsídios de outras gestões para os integrantes da Geral temos visto protestos dos mais variados. Além de não comemorar gols, agora a Geral resolveu entoar cânticos racistas para visivelmente prejudicar o Grêmio no julgamento a que será submetido no STJD, na próxima quarta-feira, pelos episódios com o goleiro Aranha no jogo contra o Santos. Um boicote. Uma sabotagem de quem se diz torcedor e sequer merece vestir as cores do Grêmio. Sempre foi errado utilizar a palavra “macaco” nos cânticos, mas diante das circunstâncias atuais, é uma aberração, como disse Felipão.

Essa torcida não agrega nada. Desde que foi criada, embora valorizada pela sua maneira de torcer, nunca ajudou o clube a conquistar coisa alguma. O Grêmio já foi muito grande sem a Geral. Não precisa de uma torcida que manche o nome da instituição e que esteja preocupada em assumir o poder, em se tornar mais do que a entidade. Dezessete líderes dessa organizada já estão no Conselho. Se continuar assim, em breve assumirão o clube e aí temo pelo futuro.


Felizmente ouvi vaias de todo o estádio quando esses cânticos apareceram no domingo. O verdadeiro torcedor gremista não suporta mais a Geral e sua rebeldia venosa.

Acabem com a Geral. Ou ela acabará com o Grêmio.