sábado, 18 de outubro de 2014

Tinha que ser Homero!


Durante todo o período eleitoral para a presidência do Grêmio, não me manifestei. Mesmo não havendo uma legislação que impedisse a minha opinião, me calei em respeito à cobertura feita pelo veículo de comunicação que trabalho e, especialmente, por defender a isenção num processo como este.

A eleição terminou e o associado elegeu Romildo Bolzan Jr como presidente do clube pelos próximos 2 anos. Desejo sucesso a ele à frente do Grêmio, mas lamento muito pelo resultado. Lamento pela ingenuidade do torcedor e pela derrota do candidato mais preparado.

Sou amigo pessoal de Homero e jamais misturei isso ao longo de toda a campanha. Procurei saber dos projetos das duas chapas, analisei o contexto em que vive o clube e ao mesmo tempo em que tinha certeza da necessidade de uma mudança, tinha extrema convicção de que nada mudaria.

O torcedor gremista votou em Fábio Koff mais uma vez. Uma lenda, um homem respeitável, vitorioso e responsável pelas maiores façanhas que este clube centenário já viu. Mas o torcedor esqueceu que ele não era o candidato.

Homero e seus pares viajaram pelo interior do Estado para questionar os anseios do torcedor. Designaram profissionais preparados para assumirem cada função estratégica do clube. Verificaram o que grandes empresas estão fazendo dentro de um gerenciamento competente e capaz de tornar um clube sustentável. Um projeto altamente qualificado.

Enquanto isso, a gestão atual utilizou suas forças. Fábio Koff tratou de anunciar estrategicamente o acordo com a OAS para assumir a gestão da Arena. Uma notícia extremamente positiva para os torcedores no que tange à autoestima, mas uma incógnita sobre as consequências do fato. Uma forma de fortalecer a candidatura no encerramento da gestão atual, sem títulos e sem vitórias em clássicos GreNais. Não bastasse, o técnico Luiz Felipe Scolari - que nunca se manifesta durante a semana - concedeu uma entrevista coletiva e manifestou seu apoio ao candidato de Koff. Era o golpe final e a comprovação veio nas urnas deste sábado.

Homero é um dos caras mais corretos que conheço. Sujeito íntegro, austero, determinado e um grande gremista. Estava preparado para assumir o clube e mudar um cenário complicado. Temo que ele se afaste tamanha decepção, pois foi batido por uma ilusão. Os torcedores que votaram acreditaram que Fábio Koff seguirá comandando o clube e que a história se sustenta sozinha. O sócio não olhou pra frente, preferiu se apegar ao passado. Lamento, de verdade.

Mesmo assim, espero que Romildo faça uma grande gestão. O Grêmio merece e sua torcida também.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

D'alessandro por mais 2 anos!


Que grande notícia! O argentino Andrés D’alessandro renovou o seu contratou com o Internacional, estendendo o vínculo com o clube gaúcho até o fim de 2017. Aos 33 anos, o capitão do time seguirá por aqui por pelo menos mais duas temporadas.

Ao final desse novo acordo, D’alessandro terá cumprido 10 temporadas defendendo a equipe colorada. Aos poucos vamos descobrindo uma nova ideia na cabeça do jogador, amplamente identificado com o clube, sua torcida e com a cidade de Porto Alegre. Pode até ser que D’ale retorne ao River Plate para se aposentar, clube do coração e que o revelou como profissional, mas não podemos descartar que ele fique por aqui até o fim da carreira. Sua ligação com o Inter é cada vez maior.

Não apenas pelos títulos, pela liderança, pela idolatria. D’alessandro tem bola para ser titular por um bom tempo. É uma das referências técnicas do futebol brasileiro há vários anos. Atleta raro, dedicado, líder, consciente, aguerrido, rebelde por vezes, mas sempre indignado na busca por vencer. 

D’alessandro é diferente. Não há discussão sobre a ampliação do seu contrato. O valor do salário permaneceu o mesmo. Ganha o Inter e ganha o seu torcedor, que continuará vendo por aqui um dos ídolos da sua geração, podendo escrever um novo capítulo na história colorada.

Inter e D’alessandro representam juntos a parte mais bonita da cor vermelha: a verdadeira paixão colorada!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Grohe é Seleção!


Demorou, mas a justiça foi feita. Depois de 8 anos amargando a reserva, esperando a chance de se firmar no gol tricolor, Marcelo Grohe teve uma sequência. E deu resposta. É o incrível caso do goleiro que não leva gols. Não sabe o que é buscar uma bola no fundo das redes há mais de 1 mês, 800 minutos e vários jogos. É o melhor goleiro do Brasil atualmente.

Na venda do bom goleiro Victor, Grohe defendeu o gol gremista no segundo semestre de 2012 e nunca comprometeu. Ainda assim, a direção resolveu trazer DIDA no ano passado e Marcelo retornou para o banco. Injustiça corrigida nesta temporada, mas que ainda nos leva a pensar onde poderia estar o jogador, caso a chance tivesse vindo antes.

Considero Jefferson um bom goleiro, que se sobressai no fraco e desorganizado time do Botafogo. Marcelo Grohe vive melhor fase e tem potencial muito maior. Poderia estar inclusive na Copa do Mundo como terceiro goleiro. Dentro da ideia de renovação, Dunga faz o certo. Vale lembrar que Fábio, do Cruzeiro, é outro que tem a oportunidade sonegada há muito tempo.

Grohe viaja já neste domingo, dia 05/10 e desfalcará o Grêmio em duas partidas do Brasileirão, contra Sport e Palmeiras.


Confira a notícia no site da CBF!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Felipão calando os críticos. Eu, inclusive.


Fui contra a contratação de Luiz Felipe Scolari para treinar o Grêmio. Não gostei do trabalho dele na Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo. Insistiu demais em Fred, teve postura inadequada e teimosa diante da Alemanha, além de equívocos na convocação e montagem de grupo, entre outros erros. Ele foi responsável pela derrota vexatória, isso é inegável. Devido a isso e trabalhos recentes que não me agradaram, não acreditava que Felipão fosse capaz de se reinventar, de ter a humildade para rever conceitos e focar no trabalho. Felizmente me enganei!

O jornalista que acompanha os seus clubes locais torce para que haja evolução, conquistas, bons trabalhos e possa, portanto, cobrir grandes eventos, representar seu veículo de comunicação nas principais competições mundo afora. Eu, pelo menos, penso assim. Quando dei a opinião contra Felipão, estava pensando no melhor para o clube, que precisa se reerguer e encerrar esse jejum de títulos. Após o anúncio, concordei que a relação do técnico multi-campeão com o tricolor gaúcho poderia fazer bem a todos. Ao time e ao treinador, abatido pela forte pressão naquele momento.

Torci para estar errado e o que estou vendo é um trabalho brilhante de Luiz Felipe, digno de aplausos. Ciente das limitações da equipe, ele ajustou o sistema defensivo, invicto há mais de 800 minutos. Méritos também para o melhor goleiro do Brasil, Marcelo Grohe, mas Felipão tem achados individuais, como Zé Roberto na lateral-esquerda, Felipe Bastos no meio e a recuperação de Barcos como a referência do time, a exemplo do que fazia com o Pirata no Palmeiras. O aproveitamento do técnico desde que chegou a Porto Alegre é de 66% no Brasileiro, abaixo apenas do Cruzeiro.

O Grêmio não tem um articulador, mas tem articulação. Começou jogando por uma bola. Hoje, é o 3º time que mais finaliza no Campeonato, atrás apenas de Cruzeiro e Inter. Sofre com um banco mais qualificado, é verdade, mas até por isso, deve-se valorizar o trabalho na casamata. O Grêmio está fora do G4, mas tem pontuação de 3º colocado. Está na briga por algo grande no Brasileiro.

Tem coisas que não se misturam no futebol, mas não é esse o caso. Definitivamente Felipão e o Grêmio nasceram um para o outro.

Inter briga pelo título, sim!


Faltando 13 rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro, o Internacional finalmente entrou na disputa pelo título. Está na 2ª colocação, há 6 pontos do líder Cruzeiro e ainda tem um confronto direto contra os mineiros na próxima rodada. Ou seja, a distância poderá ficar em míseros 3 pontos. Mas embora importantes, não vou me ater apenas aos números nesse momento.

Não é novidade que o nosso Brasileirão de pontos corridos é longo e necessita, portanto, de equipes regulares e com grupos qualificados para alcançar a taça. Cruzeiro tem isso. São Paulo e Inter também. Mas uma sequência positiva depende de muitos fatores. Ainda sofremos com desequilíbrio técnico por convocações de nossos principais jogadores, além de suspensões, lesões e qualidade dos atletas, que pode oscilar durante a disputa.

O fantástico Cruzeiro está em declínio. Nos últimos 5 jogos, perdeu para o São Paulo, ganhou do Atlético PR, perdeu o clássico com o Atlético MG, ganhou do Coritiba (auxiliado pela arbitragem) e empatou com o Sport. A “gordura” adquirida ao longo de tantas rodadas, com um futebol exuberante, permitiu a manutenção da equipe mineira na ponta da tabela, mas serve de alerta para o que vem pela frente. Ao mesmo tempo, São Paulo também vive uma instabilidade, com o seu quarteto fantástico questionado. O Corinthians parece ter abdicado da disputa com péssimos resultados. Nesse período, o Inter aproveitou a chance.

Depois de fortes cobranças do torcedor na derrota em casa para o Figueirense e uma sequência ruim no Beira-Rio, com eliminações nas Copas do Brasil e Sul-americana, Abel Braga recuperou o time. Venceu o Botafogo na abertura do returno, empatou com o Sport no Recife e emendou 3 vitórias seguidas: Atlético PR, Criciúma e Coritiba. Mais do que isso, devolveu Aránguiz para a sua posição ideal (2º homem) e descobriu o garoto Eduardo Sasha. Faltava um jogador que desse velocidade ao time, que facilitasse a transição de bola do meio-campo tão qualificado para o ataque. Wellington deu consistência, Alex e D'alessandro o toque refinado. O Inter está crescendo e na hora certa.

Logicamente o Inter pode perder para o Cruzeiro, que jogará em casa num Mineirão lotado, e ver a distância aumentar para 9 pontos, mas é inegável - diante da chance do confronto direto - que o colorado está na disputa do título Brasileiro.

Jogo de 6 pontos, final antecipada, como queiram. Sábado será uma verdadeira decisão.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Como confiar no STJD?


O Grêmio não está mais excluído da Copa do Brasil. Está “apenas” eliminado. No julgamento do recurso no pleno do Superior tribunal de justiça desportiva, os auditores decidiram por 7 votos a 0, pela perda de pontos da partida contra o Santos. Como o Grêmio perdeu o jogo, ficou com -3 pontos, enquanto que o Santos,+3. Ou seja, numa eventual vitória por 10 a 0 para o Grêmio no jogo de volta, o tricolor ficaria com 0 pontos e o Santos permaneceria com 3. Portanto, a decisão ocasionou na consequente eliminação do clube da competição.

No primeiro julgamento, os auditores explicaram que a exclusão ocorreu porque a Copa do Brasil é uma competição eliminatória, ou seja, seria impossível retirar pontos da equipe. Mesmo sendo uma competição mata-mata, a Copa do Brasil tem em seu regulamento que “a equipe que somar mais pontos, avança”. Desconhecimento ou pré-disposição?

Muitos questionam que o Grêmio perdeu dentro de campo, pois se tivesse vencido o jogo, o Grêmio perderia os pontos, voltaria para zero e poderia reverter no jogo da volta. Ledo engano. Se o Grêmio tivesse obtido uma vitória, a exclusão seria mantida. Só houve essa decisão de retirar os pontos para eliminar o clube e tentar livrar a pele do próprio tribunal numa jurisprudência perigosa. Se a punição inicial fosse mantida, o tribunal promoveria exclusões toda a semana, pois infelizmente os atos racistas não irão cessar. Quem pratica o ato racista é a pessoa e não o clube. A instituição deve evitar, punir e tomar suas medidas. O Grêmio fez tudo isso e nada adiantou. Pagou por um crime que não cometeu.

O prejuízo já está feito. Não há como reverter as manchetes mundiais que carimbaram o clube gaúcho como racista, ou excluir a declaração do Presidente da FIFA, Joseph Blatter, apoiando a punição, mesmo que tenha ignorado outros episódios mundo afora. Infelizmente estamos nas mãos de um tribunal descriterioso, midiático, que promove julgamentos políticos e não técnicos.

O combate ao racismo deve continuar, mas gostaria de ver a minúcia com que foi tratado esse caso aparecendo mais vezes. Casos de injúria racial tem praticamente em cada rodada, em todos os Estados. Sem falar na homofobia e na violência protagonizada por torcidas, como nos últimos clássicos mineiro e paulista.

É difícil ter que confiar na justiça, quando ela não é justa.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Festival de intolerâncias


Estamos vivendo tempos complicados. O novo episódio envolvendo o goleiro Aranha e a torcida do Grêmio deflagrou uma onda de ódio e posições ferrenhas de parte a parte.

Há quem condene o goleiro por ter se sentido ofendido. Culpado por ter denunciado, ter reclamado que estava sofrendo com as claras injúrias raciais naquele 28 de agosto. Por outro lado, os gremistas estão carregando uma imagem racista, de um clube preconceituoso, assim como todo o povo gaúcho.

Tenho visto um festival de intolerâncias, uma incapacidade do ser humano em entender o outro, ausência total de compreensão, da liberdade do próximo, em todos os sentidos. Posso ser contraditório, mas, em meio à posições tão antagônicas, consegui não concordar com nada e fiquei decepcionado com todas as atitudes que vi. Saí da Arena do Grêmio triste, chateado mesmo.


Foi um jogo pesado, carregado, tenso. Um ambiente belicoso. Não culpo o torcedor pela vaia. Foram desproporcionais, é verdade, mas como esperar uma reação diferente de uma torcida que teve o seu clube excluído de uma competição pela primeira vez na história, por conta de meia dúzia de infelizes? Aranha não foi o culpado disso. Foi o pivô da punição, mas não o responsável, embora personagem dela. É complexo. Aranha fez o que tinha que fazer, mas ao taxar o clube todo de racista, provocou a revolta de um torcedor que se sentiu injustiçado, exatamente por não concordar com os atos racistas.

Aranha é vítima inegável do processo, mas não precisava se dirigir aos torcedores tricolores como “essa gente”. Foi corajoso ao encarar o estádio em apupos, jogar com frieza e ainda garantir o empate para o seu time. Ele não precisava ser tolerante, não se espera serenidade de quem se sente ultrajado. Não posso julgar alguém por algo que nunca passei. Mas penso que ele poderia ter a grandeza de entender que estava ali como adversário. A torcida o considera um algoz, mesmo que entenda o seu lado. A vaia é uma atitude democrática, existe para demonstrar inconformidade com alguma coisa, para desestabilizar o rival. Pode não ter sido esse o motivo de alguns, mas quero imaginar que tenha sido da maioria.

Aranha falou que esperava encontrar Patrícia Moreira, mas antes havia dito que não pretendia encontrá-la. Ele mesmo entendeu que a menina flagrada o chamando de macaco não quis cometer um crime. Errou como tantos outros, mas que não tiveram o linchamento virtual ou apedrejamento real que ela sofreu.



Estamos discutindo há dias o caso Patrícia/Aranha, como se fosse o único da face da Terra. Como se o racismo existisse apenas no Grêmio ou no Rio Grande do Sul. É um problema mundial, simplesmente porque é um problema da sociedade, do ser humano. O racismo é uma vertente do egoísmo imbecil, da mania de olharmos para nós mesmos, de nos preocuparmos com questões pequenas e que vão além da cor da pele. A discriminação está presente de várias maneiras e não vamos resolver o problema do mundo culpando Aranha, prendendo a Patrícia ou banindo pra sempre um clube do futebol. Temos que continuar lutando, mas o problema é macro. Estamos no micro.

Entre brancos e negros, o problema parece ser da raça humana.